terça-feira, 16 de setembro de 2008

Desafios

Aprender a amar as diferenças é o maior desafio do ser humano...
Não basta falar é preciso amar, superar barreiras, vencer obstáculos, desafiar as limitações ....

Declaração de Salamanca

Todas as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Devem incluir crianças com deficiência e superdotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações distantes ou nômades; crianças de minorias étnicas ou culturais e de outros grupos em desvantagem ou marginalizados.”
( Salamanca / 94 )

sábado, 13 de setembro de 2008

Deficiente ou especial?

Qual é a diferença entre ser deficiente e ser especial?
Deficiente, lembra sempre alguém com algum "problema".
Seja a falta dos membros, a falta da visão, a falta disso ou daquilo.
Ser deficiente é ser diferente apenas no aspecto físico? Seja dentro ou fora do corpo?
Sendo uma marca suficiente pela qual as pessoas sempre serão alvos de preconceito e discriminação.
Mas quando se fala em especial, se lembra das pessoas queridas, das pessoas que se gosta, daquelas que se ama, das que já se foram e se sente uma grande falta.
Porém, quantos de nós lembramos dos "deficientes" cujas lições de vida são especiais?

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Participação especial

Lembro que entrei na sala, alguns alunos já me conheciam do ano anterior, mas havia muitos rostos novos.
A apresentação do primeiro dia de aula implica nas regras básicas de convivência, nos tratados gerais para o bom andamento dos trabalhos, nas portas que se abrem e fecham para todas as demais situações.
E não tem como deixar de notar aquele corpo voltado para outra direção, diferenciando-se do restante da multidão.
Ao ser coagida a corrigir a postura, só movia o piscar dos olhos.
Num novo e mais severo destaque pela contrariedade, nada além do piscar.
Quando finalmente me aproximei repetindo que deveria virar as pernas e o corpo todo para onde fica o quadro, os alunos me repreendem dizendo: "Ela é surda, profe."
"Puxa. E porque ninguém me falou isso antes?" Perguntei a eles, perguntei a mim mesma e depois choraminguei com os colegas de trabalho.
Perguntei em sinais, se ela sabia falar em libras. Negativo.
Tão raro ter alunos surdos nas escolas, mais raro ainda, é o professor dominar a linguagem brasileira de sinais. Tinha feito um curso cerca de quatro a cinco anos antes. E sem a prática do dia-a-dia, muita coisa se esquece. Ainda assim, tentei timidamente uma comunicação, em vão.
Saí da sala frustrada, pois ela não entendeu absolutamente nada e ainda demonstrou com caretas que não gostou de mim. Não era da minha aula que ela não tinha gostado, era de mim.
Cheguei em casa e selecionei um material com textos e desenhos, relacionado com o tema da aula seguinte, olhava as respostas dos alunos no questionário do primeiro dia... e descobri que não sabia o que ia fazer em relação a ela.
Em uma aula ela estava tão ou mais frustrada do que eu, porque eu não entendi suas falas e ela não entendeu as minhas.
O que fazer?
Já que ela não sabia ler lábios, nem libras, sua comunicação era falha e incompleta, tanto na escrita quanto na oral... O que fazer? Como fazer? E mais, como fazer fazendo sentido?
Cada aula eu aprendia mais do que ensinava, muitas outras dificuldades foram encontradas, porém, sua participação para e na minha formação profissional continuada tem sido importante mesmo estando longe da sala de aula.
Talvez, todo professor passe por determinadas situações, que ao longo do tempo tornam-se motivo de risos, mas que na hora, a fúria lhe transborda a pele, explodindo aos cantos e tamancos.
Embora os nervos lhe aflorem a angústia, também lhe abrem a mente para novas possibilidades de ações e reações. E a busca por respostas passa a ser solução.